Não faça dos seus sonhos, os meus.

001Sabe, eu estive pensando sobre todos os seus belíssimos conselhos em meio ao “vamos conversar sobre como você deve lidar com o seu futuro”, e percebi uma coisa interessante. Não que eu já não tenha percebido antes, mas acho que ficou um pouco mais evidente para mim, depois daquela nossa última conversa sobre o futuro.

Notei que você, por alguma razão, que até então era desconhecida, tentava induzir algumas escolhas minhas. Eu entendo que você queira o melhor para mim, mas nem sempre o que você considera “o melhor” se encaixa na mesma definição que a minha. Eu valorizo muito o seu ponto de vista, não me leve a mal, mas cheguei a conclusão de que você tenta concretizar através de mim, os sonhos que você não concretizou ou não se considera mais capaz de concretizar.

O problema nessa história, é que os seus sonhos não são os mesmos que os meus. Eu diria até que eles fogem bastante da minha realidade. Eu gostaria muito de ser essa pessoa que você esperava que eu fosse. Gostaria mesmo. Mas não por mim, e sim por você. Queria ser o seu motivo de orgulho, mas infelizmente, para nós, isso não será possível. Inevitavelmente, irei fazer escolhas que vão te desapontar, e toda essa expectativa que você coloca em mim, escorrerá pelo ralo diante de seus olhos tristes. Sim, eu sei, é uma escolha, e ela é terrível, talvez uma das mais difíceis que já tive que tomar. Mas eu espero que um dia você entenda. Entenda que eu não posso viver a sua tão sonhada vida por você. Que eu não tenho a menor vocação para levar isso adiante. Que os meus sonhos são outros. Que eu não quero chegar a um momento da minha vida em que eu me arrependa de ter feito mais por você, do que por mim, e faça exatamente o mesmo que você, desejando que outra pessoa seja capaz de realizar o que eu não pude por conta própria. Eu sei que lhe dói saber disso, e eu sinto muito, de verdade.

Eu lhe digo essas palavras com pesar, e ao mesmo tempo, com a leveza de uma consciência que sabe que esta fazendo a coisa certa. Você espera o melhor de mim, e nisso nós dois concordamos. Dentre todos os seus conselhos tão sábios, considerarei o mais brilhante de todos como um lema para a vida: “As melhores escolhas são aquelas em que você não tem medo de se arrepender, pois sabe que a vida é uma só, começa muito tarde e termina muito cedo, e não há tempo de se culpar”. Você definitivamente deveria se ouvir mais.

Quando as flores morrem, as folhas secam e as borboletas vão embora.

008Quando as flores morrem, as folhas secam e as borboletas vão embora, é hora de se questionar onde tudo isso foi parar e se valerá a pena continuar. As borboletas remetem àquele frio na barriga, aquela sensação de estar apaixonado. Quando não as sentimos mais, temos apenas duas opções: fazer com que elas voltem, ou deixá-las ir para sempre. Não senti-las não significa necessariamente o fim, mas pode ser um novo começo.

O que normalmente se vê atualmente, são casais que, na realidade, não são casais. Sejam namorados, noivos, casados. Não há conexão, não há vínculo, não há espaço para o amor. É o medo de ficar sozinho, medo de não encontrar alguém que possa trazer as sensações novamente, que faça o coração bater mais forte, que faça as mãos suarem e o corpo estremecer. Medo de não ter mais com quem contar, alguém pra chamar de “seu” ou de “sua”, mesmo que estas palavras pareçam tão vazias agora. Medo de magoar, medo de se arrepender, medo de assumir que já não ama mais, medo de perceber que é puro comodismo, medo de dar-se conta de que não é mais a mesma coisa, que não é mais empolgante, que não aflora mais sensação alguma ou quase nada. Medo de admitir que o “amar” virou “gostar”, de assumir-se como amigo ou amiga, e somente isso, não mais como amante. Medo de perder os benefícios que um relacionamento traz, mesmo que a esta altura, estes já não existam mais, e de ter que começar do zero, de ter que correr atrás novamente, de ter que dar alguns passos para trás, para só então dar novos passos à frente. Medo.

Tantas pessoas se perdendo. Muitas vezes é difícil aceitar que nem todo amor dura para sempre, que nem todos acabam felizes. Muitos deles já se iniciam fadados ao fracasso, mas a gente ainda insiste. Insiste porque vale a pena lutar. E sim, vale muito a pena lutar quando o sentimento é verdadeiro. Mas quando ele acaba, quando ele se transforma em algo menos sólido e quando ele gera dúvidas, as coisas mudam, e a insistência aos poucos machuca, magoa, deprime, e se espalha como uma nuvem cinza e pesada em um céu que já foi azul.

Não se puna! A dor e o sofrimento são silenciosos e quando adiados são alimentados aos poucos. Nem sempre desistir é ser fraco, as vezes é inevitável. Não se permita sofrer ou fazer com que outro sofra. Pior do que um amor que se acaba, é fingir que ele ainda existe, é acreditar que ainda ama ou que ainda é amado.

Nunca irei amar ninguém tal como amei você.

Free2Nunca irei amar ninguém tal como amei você. E acredite, eu agradeço por isso. Não há pesar, não há mágoa, nenhum sinônimo de tristeza qualquer. Este não é um texto de saudade, é um adeus. 

Ao longo do tempo em que estivemos juntos, eu sentia que podia ser autêntica, até o momento em que tentava emitir qualquer opinião que fosse contrária a sua, negar seus desejos que não fossem semelhantes aos meus. Sei que por muitas vezes você se sentiu deslocado, que seria muito mais fácil pra você e pra nós, se eu estivesse acompanhada de um manual de instruções desde quando nos conhecemos. Até hoje eu preciso de um. Talvez todos nós precisemos, afinal. Mas o que você fez para tentar nos salvar? Era tudo por você, sempre foi. Eu me doei como nunca imaginei fazê-lo antes. Abri mão de tanta coisa por você e fiz tantos planos para nós. Te vi hesitar várias vezes sobre como levar esse relacionamento adiante, mas em nenhum momento imaginei que você desistiria tão fácil de nós. Ou talvez não tenha sido tão fácil assim, mas você nunca fez questão de demonstrar o contrário. Eu lutei tanto para que você ficasse, implorei e por muito pouco não ajoelhei-me aos seus pés suplicando por piedade. Eu fui tão tola, uma vez que era tarde demais, você já tinha me virado as costas antes mesmo que eu me desse conta disso. 

No entanto, eu não te culpo. Não mais. Foi por ter sofrido com a sua ausência que descobri que nunca foi “amor”. Nem de minha parte, e muito menos da sua. Não se pode chamar de amor aquilo que se vive sozinho, que não é recíproco. O que eu sentia era necessidade de acreditar que alguém era capaz de me amar, quando nem eu mesma podia fazê-lo. Era ausência de amor próprio. Era gostar mais de você do que de mim. E o que você sentia? Eu não saberia dizer. Muito provavelmente fui para você apenas alguém que você quis manter até encontrar outro alguém que te satisfizesse por completo. Eu era apenas uma quebra galho, aquele pneu velho que se deixa no porta malas do carro apenas em caso de emergência, até que se compre um pneu ou até mesmo um carro novo.

Sempre me disseram que não há dor que o tempo não cure. Tinham razão. Agora agradeço a ele por ter te afastado de mim, e espero que a passagem da sua viagem tenha sido somente de ida, não precisa voltar.